A urgência do ESG no transporte marítimo

Por Leonardo Rayol*

A descarbonização do transporte marítimo é a pauta do dia, e não há como pensar no futuro desse negócio sem passar pela Agenda ESG. No transporte de cargas, principalmente do agronegócio, o transporte marítimo em si já traz mais eficiência ao integrar rotas multimodais em maior proporção. Mas há ainda bastante margem para melhorar a operação, com novas tecnologias e processos. A verdade é que, quando se olha para o cenário global, não há outro caminho.

A União Europeia estabeleceu acordos para que, a partir de 2025, a intensidade de carbono nos combustíveis marítimos caia 2%, com reduções gradativas ao longo dos anos seguintes até chegar a um corte de 80% em 2050 quando comparados aos níveis de 2020. Já a Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), agência marítima da Organização das Nações Unidas (ONU), comprometeu-se a cortar em 50% as emissões de gases de efeito estufa de navios até 2050, tendo como referência os níveis de 2008.

Prontos para agir
Quem está no dia a dia desse negócio sabe que não faltam desafios para aplicar soluções, principalmente logísticos e de custo. Ainda assim, o setor se mostra pronto para agir. As iniciativas mais significativas partem das empresas, que modernizam suas operações em busca de processos mais eficientes e de menor impacto ambiental, tanto para atender a novas demandas internacionais como às demandas de seus clientes – grandes marcas já anunciam metas de fretes com carbono zero para seus produtos para as próximas décadas.

Também em junho, a transportadora dinamarquesa Maersk anunciou a encomenda de seis navios porta-contêineres de médio porte – todos com motores bicombustíveis capazes de operar com metanol verde. Ao todo, a companhia tem 25 embarcações habilitadas para metanol encomendadas, e a empresa se comprometeu a apenas adquirir novos navios que possam navegar com combustíveis descarbonizados. Na mesma semana, o grupo de tecnologia Wärtsilä foi contratado pela operadora de balsas sueca Stena Line para converter algumas de suas embarcações para operar com metanol.

Mas o metanol não é a única opção: o futuro do transporte marítimo se desenha como multicombustível. O gás natural é uma das primeiras alternativas ao diesel e ao HFO, sendo capaz de reduzir em 15% as emissões de CO₂. Outras opções viáveis são o biodiesel e o etanol. E há investimentos em processos de eletrificação, com a adoção de sistemas de propulsão elétrico e híbrido, além da modernização dos propulsores, das técnicas de manutenção e dos sistemas de controle de emissão, tudo isso trazendo maior eficiência energética para as operações. Para quem quer se aprofundar no assunto, com mais referências brasileiras, recomendo reservar um tempo para a leitura deste artigo da FGV Energia, sobre a transição energética no transporte marítimo.

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* Leonardo Rayol é gerente de contas de Marinha da Moove