Após surtos de Covid-19, frigoríficos aceleram automação nas Américas

09/10/2020

Assim que surtos de coronavírus apareceram em processadoras de carne no Canadá, a Lesters Foods viu uma oportunidade. Fabricante de salsichas para cachorros-quentes, a empresa agora faz planos para instalar um braço robótico capaz de mover pacotes para embarques em grandes contêineres, permitindo que os trabalhadores mantenham distância uns dos outros.

Hoje, a Lesters Foods está investindo milhões de dólares em um projeto de cinco anos para ampliar a automação. “A maneira com que elaboramos as plantas funcionou até aqui, mas agora precisamos fazer mudanças dramáticas”, avalia Henry Mizrahi, presidente da empresa, que foi fundada há 89 anos.

O fato é que grandes produtores e exportadores de carnes, como Estados Unidos, o Canadá e o Brasil, adotam tecnologias para automatizar a produção em ritmo mais lento que mercados como o Norte da Europa ou Japão. A concentração de surtos de Covid-19 nos frigoríficos das Américas reflete, em parte, a grande dependência do setor nas condições de trabalho “ombro a ombro”.

Acelerar as mudanças rumo à automação pode resultar no aumento da segurança alimentícia e da segurança nas fábricas. Planos assim são acompanhados, no entanto, por custos que alguns consideram impagáveis durante períodos econômicos difíceis. Afora isso, trabalhadores temem que estejam sendo substituídos, em vez de protegidos. Tyson Foods, Smithfield Foods, JBS e diversas outras grandes empresas do ramo têm planos de automação em andamento, segundo representantes das companhias.

Investimentos
Unidades de processamento de carnes respondem por apenas US$ 1 bilhão dos US$ 215 bilhões gastos globalmente pelo setor industrial em automação. Fabricante de robô que desossam frangos, a japonesa Mayekawa informou que recebe agora o dobro de consultas em relação aos níveis normais. Por isso, está otimista em dar um salto considerável nas vendas, que devem pular de US$ 32 milhões para US$ 45 milhões de 2019 a 2021. Tyson, Sanderson Farms e Peco Foods estão entre os clientes.

No Brasil, a Frimesa, quarta maior processadora de carne suína do país, intensificou seus esforços de automação em meio ao avanço da pandemia. Os planos apontavam para investimentos de R$ 20 milhões por ano em automação, mas o programa pode receber aumento anual de 5%. A planta da empresa em construção em Assis Chateaubriand (PR), por exemplo, terá cinco robôs, que custam cerca de US$ 586 mil cada. Eles vão realizar tarefas como a abertura dos peitos dos animais, que são cortados ao meio.

Com aumento da demanda no varejo, a Pilgrim’s Pride, que pertence a JBS, disse que vai fazer uso da automação para dobrar a capacidade de uma unidade em Minnesota, nos Estados Unidos. A fábrica sofreu um surto de Covid-19 em abril. “Os surtos de coronavírus vão colocar um ‘tempero extra’ na necessidade de automação, porque quanto menos gente você tem, menor a probabilidade de que você sofra com um desses surtos”, afirmou Henrik Andersen, diretor Comercial da dinamarquesa Frontmatec, produtora de equipamentos de automação para a indústria alimentícia.

Para ler a reportagem original, acesse https://bit.ly/33vdmfN.

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