Coronavírus, China e o impacto na indústria

18/03/2020

Desde dezembro, um termo ganhou as manchetes mundiais e virou um dos termos mais buscados na internet: coronavírus. De casos concentrados na China até virar pandemia global, poucos meses se passaram, com explosão no número de casos e milhares de mortes, o que arrastou a claudicante economia global a uma desaceleração. Para piorar, a queda recente do preço do barril do petróleo levou mais instabilidade (e volatilidade) ao mercado financeiro, provocando circuit breakers nas bolsas de valores mundiais, incluindo a Bovespa. Diante desse cenário, como a indústria vai se comportar?

Antes de tudo, vamos voltar onde tudo começou. Motor da economia mundial, a China teve revisado para baixo a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 por parte de instituições financeiras, casos de UBS e Itaú. Já o Goldman Sachs prevê recuo de 9% da atividade econômica chinesa apenas no primeiro trimestre. Embora o número de casos tenha estabilizado no país, fábricas ainda estão paradas, o que limita o envio componentes e peças para indústrias do mundo todo.

Em reportagem publicada pela Folha de São Paulo, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) anunciou que não há falta de peças vindas da China, mas a produção de veículos pode ser interrompida em pouco tempo. Hoje, o país asiático é o maior fornecedor de componentes para a indústria automotiva nacional. Outro segmento que pode entrar em parafuso no país é o de eletroeletrônicos. Isso porque a China vende chips, circuitos integrados e outras partes e peças que vão se tornar celulares, máquinas de lavar e televisores, entre outros produtos.

Para piorar o cenário, o impacto econômico é inevitável. Há duas semanas, o ministro Paulo Guedes admitia que o vírus poderia tirar 0,5 ponto da alta do Produto Interno Bruno (PIB) brasileiro deste ano. Dias depois, a previsão virou “oficial”, com o Ministério da Economia revisando a estimativa para o crescimento do PIB de 2,40% para 2,10%. Embora a palavra expectativa tenha bastante influência sobre os rumos da economia, ainda é cedo para fazer qualquer previsão, até porque várias medidas de incentivo foram divulgadas pelo governo Jair Bolsonaro no dia 16 de março. Certo é que era necessário agir, sob risco de haver um colapso em vários segmentos de negócios no país, principalmente entre médias e pequenas empresas.

Hoje, o Brasil tem quase 300 casos confirmados de coronavírus, segundo o Ministério da Saúde, com uma morte ocorrida em São Paulo no dia 17 de março. Estados e cidades já decretaram estado de emergência, casos de Rio de Janeiro (estado) e São Paulo (capital), o que tende a desacelerar ainda mais a economia.

Coronavirus e o petróleo

Para aumentar a instabilidade, o mercado financeiro mundial teve um dia para esquecer em 9 de março, quando o Ibovespa despencou 12,17%, na maior queda diária em termos percentuais desde 10 de setembro de 1998. Para quem achou que não poderia piorar, ledo engano. Os dias seguintes foram de quedas consecutivas e, em apenas uma semana, o circuit breaker foi acionado mais vezes do que em toda história da Bolsa de Valores de São Paulo. Na segunda-feira seguinte, por exemplo, novo recorde de perdas no índice paulista, com o indicador cedendo 14% – com o “botão de pânico” sendo novamente apertado.

Para entender esse aumento de volatilidade nos mercados acionários, é preciso voltar para o fatídico dia 9 de março. Na ocasião, os preços do petróleo derreteram 30% na abertura em função de um impasse entre Arábia Saudita e Rússia sobre um corte de produção da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep). O plano árabe (maior produtor global) era segurar os preços em meio à baixa demanda enquanto o surto do novo coronavírus durasse. Como os Russos bateram o pé, o reino do Oriente Médio radicalizou cortando preços e aumentando a produção.

Para ler mais sobre tudo que aconteceu na economia global nas duas últimas semanas, acesse https://glo.bo/2vsmGmf, https://bit.ly/3aZx8kc, https://bit.ly/33nSzJm, https://bit.ly/38XH7Fl e https://glo.bo/33nMsVt.

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