

Desenvolvimento do setor eólico como indutor industrial
04/07/2019
Tecnologias verdes e energias renováveis vêm ganhando atenção global. Na última década, por exemplo, o mercado de energia eólica cresceu uma média de 15% ao ano, segundo dados do Global Wind Energy Council (GWEC). Já a International Renewable Energy Agency (Irena) projeta aumento médio de 10% ao ano da capacidade instalada do setor de 2017 a 2021, o que deve demandar investimentos de US$ 110 bilhões e US$ 150 bilhões no período.
O Brasil soube acompanhar esse movimento. Hoje, o país figura no rol dos países com capacidade instalada superior a 10 gigawatts (GW). Além disso, ano após ano esse volume sobe: em 2018, de acordo com a GWEC, 51,3 GW de capacidade foram instalados mundialmente, com o mercado nacional ficando na quinta colocação em termos de participação (1,93 GW). China (21,2 GW) e Estados Unidos (7,5 GW) lideram nesse quesito.
Hoje, vários países articulam políticas públicas para investir em matrizes renováveis. Para especialistas, esse cenário tende a acelerar a redução dos custos de geração de energia limpa, bem como incentivar a difusão dessas tecnologias. Nesse contexto, investimentos no segmento eólico surgem como oportunidade, podendo gerar ainda como contrapartida adensamento industrial e o desenvolvimento de cadeias produtivas sofisticadas.
Há exemplos no mundo que mostram isso: nos países que obtiveram sucesso na disseminação e no desenvolvimento da geração de energia eólica em maior escala, a indústria ganhou impulso. Alemanha, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos e, mais recentemente, China são exemplos nesse sentido. Em todos esses mercados, é possível identificar pontos em comum. São eles:
- Capacitação e criação de empresas nacionais no segmento
- Atração de investimento estrangeiro por parte de fabricantes, principalmente de aerogeradores
- Instalação de laboratórios nacionais de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D)
Sendo assim, apesar de ser um player importante em nível mundial, o Brasil pode evoluir muito no mercado de eólica, e há um dever de casa a ser seguido. Fato é que a existência de demanda por geração nessa matriz energética foi um elemento fundamental para a expansão da manufatura em vários países, com destaque para os citados acima. Uma procura perene, sustentável e previsível foi condição necessária para o adensamento produtivo local.
Além disso, o desenvolvimento dessa indústria viabilizou ganhos de produtividade e redução dos custos de geração da energia eólica. Mais ainda, a difusão do setor se beneficiou do avanço da manufatura a ela relacionada. Sua expansão acelerada nos próximos anos depende da continuidade desse processo e de uma junção de fatores. Entre eles, merece menção a criação de políticas industriais que gerem mecanismos de incentivo direto que complementem a existência da demanda e incentivaram a localização da cadeia produtiva.
Saiba mais no artigo Reflexões críticas sobre a experiência brasileira de política industrial no setor eólico, do BNDES Setorial.
