Foodtech, ozempic e a indústria de alimentos

A explosão nas vendas dos medicamentos agonistas de GLP-1 (mais conhecidos pelos seus nomes comerciais, Ozempic, Wegovy e Mounjaro), utilizados para perda de peso, tem tido um efeito que só agora vem sendo estimado sobre a indústria de alimentos. Um relatório da Barclays Research mostrou que, entre os usuários desses medicamentos, as cestas de compras nos supermercados estão em média 10% menores, e os gastos com alimentos embalados tiveram uma queda ainda maior, 40%.

Muitos usuários relatam que, mesmo após parar de utilizar os remédios, sua fome ao longo do dia e a vontade de fazer “lanchinhos” diminuíram. Essa mudança de comportamento, aparentemente, não tem ligação somente com a onda dos remédios, mas sim com uma tendência maior de buscar a boa forma física, por meio de exercícios, uma alimentação equilibrada e criando uma nova demanda: suplementos alimentares e alimentos funcionais.

Todo esse quadro foi discutido em Campinas, em junho, na 6ª edição do International FoodTech Forum. A partir da estimativa de que os impactos dos medicamentos GLP-1 sobre o mercado de alimentos sejam da ordem de US$ 9 trilhões globalmente, o desafio das indústrias de alimentos é reorganizar seu portfólio para atender às novas demandas dos consumidores que buscam produtos saudáveis e nutritivos. Um dos caminhos para isso pode estar nas foodtechs, as startups de tecnologia que atuam no setor de alimentação.

Entre os casos de inovação mostrados no evento, estiveram startups como a Bifidice, que lançou o primeiro sorvete probiótico do mundo; o café Nosso Grão, enriquecido com proteínas vegetais; a Beam Possible, que produz ingredientes sustentáveis para a indústria a partir de vegetais; e a Sante Science, que desenvolveu alimentos funcionais para ajudar a reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia. Para incentivar a inovação nesse setor, o FoodTech Hub Latam e a PUC-Campinas anunciaram a criação do Campinas Biotech Center, voltado à pesquisa e à geração de conexões entre pesquisadores, startups e grandes empresas do setor.

Leia mais sobre o assunto nos sites Campinas.com.br, O Globo e Forbes.